As idéias de Smith orientaram os puritanos ingleses que migraram para a América, em meados do século 17. De uma certa forma, ajudou-os na construção das bases do capitalismo americano e, provavelmente, da mentalidade marqueteira rapidamente incorporada ao dia a dia daquele país.
Em 1886, Richard Sears, na época agente ferroviário na estação de Minneapolis and St. Louis, e Alvah Roebuck, relojoeiro de Indiana, iniciaram um negócio totalmente orientado para o mercado. A idéia da dupla era vender qualquer coisa – de armas a fogões – por reembolso postal. O principal objetivo do empreendimento: atender mercados potencialmente consumidores, em todas as regiões dos Estados Unidos. Em 1895, o catálogo da empresa tinha 532 páginas e, em 1904, a empresa ocupava, em Chicago, o maior edifício comercial do mundo.
Em 1881, James Buchnan Duke tinha um pequeno negócio de tabaco em Durham, na Carolina do Norte. Descobriu uma engenhoca capaz de produzir 125 mil cigarros por dia e passou a produzir mais cigarros do que o mercado era capaz de fumar. O que ele fez? Fundou uma empresa de marketing para aumentar a demanda.
Em 1877, George Eastman não inventou apenas uma máquina fotográfica barata. Ele inventou o fotógrafo amador e um formidável mercado para seus filmes. Mas, acima de tudo, ele acabou proporcionando a milhões de pessoas, por preços muito convidativos, o prazer de registrar flagrantes, os bons momentos de suas vidas.
Em 1914, a Harvard Business School oferecia cursos de marketing com o objetivo de consolidar a idéia de que empresas existem para entender e atender mercados. Somente por volta de 1950, a disciplina chegou ao Brasil. Durante muito tempo, pronunciamos erradamente o seu nome e a confundimos com publicidade, com propaganda ou com as duas coisas.
No Brasil, mantemos uma relação de amor e ódio com o marketing. A maioria das nossas empresas ainda corta drasticamente investimentos em marketing, sempre que se anuncia alguma turbulência na economia do país. Mas o que dói mesmo é ouvir a todo o momento a voz do povo: "esse cara não sabe nada, é puro marketing”. Ou, “esse produto é uma porcaria, é só marketing”. E ainda, “Fulano deu uma tacada de marketing".
As enormes deformações do nosso capitalismo, as sucessivas reservas de mercado e a presença do Estado, o paizão intrusivo e voraz com quem ainda somos obrigados a conviver, são grandemente responsáveis pela inexistência de uma sólida cultura de marketing em nosso país. Até hoje, muitos empresários duvidam da eficácia do marketing. Nunca leram os sábios conselhos do Vovô Adam.
Imagem: Vi no Talk to Himself Show.